Em 2023, a série Fora de Série explora como os compositores contribuíram com novas interpretações de obras de outros artistas.
No dia 3 de junho, às 18h, na Sala Minas Gerais, a Filarmônica de Minas Gerais destaca a influência de Bach durante os séculos. Uma releitura tímbrica do seu famoso Ricercare é orquestrada por Webern. O compositor contemporâneo estoniano Arvo Pärt se utiliza das notas musicais do próprio nome de Bach, auxiliado pelo oboé de Públio Silva, oboísta Principal Assistente da Orquestra. O grande compositor brasileiro Villa-Lobos mostra sua afeição pela obra do gênio alemão em uma de suas evocativas Bachianas, as Bachianas Brasileiras nº 7. A Principal flautista Assistente da Filarmônica, Renata Xavier, executa a charmosa Suíte Antiga de John Rutter, em mais uma visita ao passado. A regência é do maestro associado José Soares. Este é um concerto da série “Fora de Série”, que, em 2023, com o tema Segundas Opiniões, explora como compositores contribuíram com novas interpretações de obras de outros artistas. Os ingressos estão à venda no site www.filarmonica.art.br e na bilheteria da Sala Minas Gerais.
Este projeto é apresentado pelo Ministério da Cultura e Governo de Minas Gerais e conta o patrocínio da ArcelorMittal, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura. Apoio: Circuito Liberdade. Realização: Instituto Cultural Filarmônica, Secretaria Estadual de Cultura e Turismo de MG, Governo do Estado de Minas Gerais, Ministério da Cultura e Governo Federal.
Maestro José Soares, regente associado
Natural de São Paulo, José Soares é Regente Associado da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais desde 2022, tendo sido seu Regente Assistente nas duas temporadas anteriores.
Venceu o 19º Concurso Internacional de Regência de Tóquio, edição 2021 (Tokyo International Music Competition for Conducting). José Soares recebeu também o prêmio do público na mesma competição.
Iniciou-se na música com sua mãe, Ana Yara Campos. Estudou Regência Orquestral com o maestro Claudio Cruz, em um programa regular de masterclasses em parceria com a Orquestra Sinfônica Jovem do Estado de São Paulo. Participou como bolsista nas edições de 2016 e 2017 do Festival Internacional de Inverno de Campos do Jordão, sendo orientado por Marin Alsop, Arvo Volmer, Giancarlo Guerrero e Alexander Libreich. Recebeu, nesta última, o Prêmio de Regência, tendo sido convidado a atuar como regente assistente da Osesp em parte da temporada 2018, participando de um Concerto Matinal a convite de Marin Alsop.
Foi aluno do Laboratório de Regência da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais, sendo convidado pelo maestro Fabio Mechetti a reger um dos Concertos para a Juventude da temporada 2019. Em julho desse mesmo ano, teve aulas com Paavo Järvi, Neëme Järvi, Kristjan Järvi e Leonid Grin, como parte do programa de Regência do Festival de Música de Parnü, Estônia.
Ao final de 2021, recebeu o prêmio da crítica na categoria ‘Jovem Talento’ da Revista Concerto. No ano de 2022, regeu as Orquestras Sinfônicas NHK de Tóquio e MÁV Symphonie Orchester em Budapeste.
Soares é Bacharel em Composição pela Universidade de São Paulo. Em 2023, faz sua estreia como convidado da Osesp, New Japan Philharmonic, Orquestra Sinfônica de Hiroshima e Orquestra Filarmônica de Nagoya, no Japão.
Renata Xavier, flauta
Integrante da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais desde sua criação, Renata Xavier começou a estudar música aos sete anos no Conservatório Estadual Juscelino Kubitschek de Oliveira, em Pouso Alegre (MG), cidade onde nasceu. Concluiu seu bacharelado em 2002 na Universidade Estadual Paulista, sob orientação de Jean Noel Saghaard, tendo também sido aluna de Rogério Wolf. Renata participou dos principais festivais de música do país, dentre eles o de Campos do Jordão, a Oficina de Música de Curitiba e o Música nas Montanhas, em Poços de Caldas. Como convidada, apresentou-se junto às sinfônicas de São José dos Campos, de Rio Claro e de Santos. A flautista também integrou outros grupos brasileiros, como as bandas sinfônicas Jovem do Estado de São Paulo e de Cubatão e as orquestras Sinfônica Jovem do Estado de São Paulo, a Jovem de Guarulhos, a Sinfônica Heliópolis e a Sinfônica da USP.
Públio Silva, oboé
Públio Silva iniciou seus estudos de oboé com Andrea da Silva Silvério em 2011, e, no ano seguinte, ingressou na Escola de Música do Estado de São Paulo (Emesp), sob a orientação de Natan Albuquerque Júnior. Em 2014, foi aprovado na Academia de Música da Osesp, tendo Arcádio Minczuk como professor. Dentre suas participações em orquestra destacam-se a Filarmônica de Goiás como Principal Oboé, a Osesp como academista, a Sinfônica de São José dos Campos e a Orquestra Jovem do Estado de São Paulo. Atuou sob a regência de maestros como Neil Thomson, Giancarlo Guerreiro, Eiji Oue, Marin Alsop, Sian Edwards e Isaac Karabtchevsky. Em 2016, foi premiado com honra no Festival Internacional de Campos do Jordão e finalista do programa “Prelúdio”, da TV Cultura. Nesse mesmo ano, Públio entrou como Oboé Principal Assistente na Filarmônica.
Repertório
Anton Webern (Viena, Áustria, 1883 – Salzburgo, Áustria, 1945) e a obra Passacaglia, op. 1 (1908)
A Passacaglia marca a conclusão dos estudos musicais de Webern sob a supervisão direta de Schoenberg. Nela, o tema parece evocar os passos de uma caminhada que, ao longo da peça, mostra o compositor tributário da tradição romântica, em especial a que remonta a Mahler e Brahms. No entanto, essa tradição se apresenta sob a forte influência do diálogo já estabelecido pelo expressionismo schoenberguiano. A exemplo do professor, que falava abertamente de sua fecunda relação dialógica com a tradição, Webern assimila e incorpora, mas também responde e transforma. A Passacaglia surpreende o ouvinte, principalmente quando confrontada com a evolução da obra weberniana. A ela não são estranhos o arroubo e as passagens eloquentes, de orquestração mahleriana. Mas a filiação pós-romântica da partitura não exclui elementos composicionais caros ao estilo que marcaria a evolução da linguagem composicional de Webern. O próprio tema, anunciado pelas cordas, em pizzicato, valoriza um elemento essencial de sua poética: o silêncio, carregado de expressividade e de expectativa, realçando cada novo som apresentado em um movimento lento e uniforme. Logo em seu opus 1, Webern já demonstra características e preferências bastante singulares que se tornariam a marca de sua música nos anos posteriores.
John Rutter (Londres, Inglaterra, 1945) e a obra Suíte Antiga (1979)
Bastante popular nos Estados Unidos e em sua terra natal, o compositor londrino John Rutter ganhou notoriedade principalmente por suas composições e arranjos para coral, a maior parte de caráter sacro ou espiritual. Depois de um período como diretor musical do Clare College, em Cambridge, onde também foi aluno, Rutter decidiu, em 1979, se dedicar exclusivamente ao ofício de compor. Nesse mesmo ano, escreveu a sua Suíte Antiga, uma homenagem às "formas e estilos do tempo de Bach", conforme definição própria. A peça foi comissionada pelo Festival de Música de Cookham, cujo programa daquela edição incluía um dos famosos Concertos de Brandemburgo, daí o mote para celebrar a obra do grande mestre alemão. Desde o primeiro movimento, quem brilha é a flauta – em certa medida, a suíte pode ser considerada um concerto para o instrumento. Mas a presença elegante do cravo confere ao trabalho coloração singular, apoiado pela presença marcante das cordas. Um retorno ao Barroco com nuances sutis da música contemporânea.
Arvo Pärt (Paide, Estônia, 1935) e a obra Colagem sobre B–A–C–H (1964)
Antes de desenvolver o estilo que o tornou mundialmente celebrado a partir da segunda metade dos anos 1970, Arvo Pärt passou alguns anos experimentando com as transgressões da música de vanguarda europeia do século XX. Colagem sobre B-A-C-H, em seus três movimentos curtos, demonstra de maneira sintética o interesse do compositor estoniano por formas com transições súbitas e intensas entre as seções, algo recorrente nessa primeira fase. Muito utilizado por integrantes da Segunda Escola Vienense, como Schoenberg e Webern, o motivo B-A-C-H (na nomenclatura germânica, as letras correspondem a Si bemol - Lá - Dó - Si) aparece com clareza no movimento inicial, executado apenas pelas cordas, para depois ser retrabalhado na segunda seção, com a entrada do cravo, do piano e do oboé solo. Nesse lento segundo movimento, também é possível perceber citações diretas à "Sarabande" da Suíte inglesa nº 6 em ré menor de Bach, entremeadas com as intervenções e distorções de Part. No último movimento, o motivo central é explorado em novas dissonâncias até as colisões do atípico cluster final e o encerramento definitivo em Ré maior.
Heitor Villa-Lobos (Rio de Janeiro, 1887-1959) e a obra Bachianas Brasileiras nº 7 (1942)
Na série das famosas Bachianas Brasileiras, Heitor Villa-Lobos tenta uma síntese de dois mundos que sempre lhe foram fonte de inspiração: o da tradição orquestral alemã, representado por Bach, e o dos elementos musicais tipicamente brasileiros. Villa-Lobos iniciou a composição das nove suítes Bachianas Brasileiras em 1930, quando voltou ao Brasil depois de viver três anos em Paris. Os movimentos das Bachianas trazem, geralmente, dois títulos: um que remete às formas barrocas e outro, bem nacional, seresteiro, nordestino ou sertanejo. A Sétima foi escrita em 1942, para grande orquestra e um conjunto de instrumentos brasileiros de percussão, e dedicada ao político mineiro Gustavo Capanema, então ministro da Educação. São quatro movimentos. O "Prelúdio (Ponteio)" é melódico e sentimental, como se anunciasse uma seresta de violões. A "Giga (Quadrilha caipira)" evoca uma dança sertaneja, em fugato. A "Tocata (Desafio)" sugere um duelo de repentistas nordestinos, realizado entre um trombone e um trompete. Por fim, a "Fuga (Conversa)" é bastante livre e pouco escolástica, com um tema principal bem brasileiro.
Serviço:
Filarmônica de Minas Gerais
Fora de Série
Segundas Opiniões – Bach Eterno
3 de junho – 18h
Sala Minas Gerais
José Soares, regente
Renata Xavier, flauta
Públio Silva, oboé
WEBERN Passacaglia, op. 1
J. RUTTER Suíte Antiga
A. PÄRT Colagem sobre B-A-C-H
VILLA-LOBOS Bachianas Brasileiras nº 7
INGRESSOS:
R$ 50 (Coro), R$ 50 (Terraço), R$ 50 (Mezanino), R$ 70 (Balcão Palco), R$ 90 (Balcão Lateral), R$ 120 (Plateia Central), R$ 155 (Balcão Principal) e R$ 175 (Camarote).
Ingressos para Coro e Terraço serão comercializados somente após a venda dos demais setores.
Meia-entrada para estudantes, maiores de 60 anos, jovens de baixa renda e pessoas com deficiência, de acordo com a legislação.
Informações: (31) 3219-9000 ou www.filarmonica.art.br
Bilheteria da Sala Minas Gerais
Horário de funcionamento
Dias sem concerto:
3ª a 6ª — 12h a 20h
Sábado — 12h a 18h
Em dias de concerto, o horário da bilheteria é diferente:
— 12h a 22h — quando o concerto é durante a semana
— 12h a 20h — quando o concerto é no sábado
— 09h a 13h — quando o concerto é no domingo
São aceitos:
- Cartões das bandeiras Elo, Mastercard e Visa
- Pix