Nesta quarta-feira (21), às 17h, o grupo Lira “Monsenhor Otaviano”, conhecido como referência significativa da cultura de Santo Antônio do Monte e regida pelo maestro Igor Silva, se apresenta no Natal da Mineiridade em um cortejo pela Praça da Liberdade.
Conheça um pouco da história do grupo:
O início dos anos 1900, em Santo Antônio do Monte havia duas bandas: A “Cambraia”, dirigida por Antônio dos Santos Ferreira, e a banda “Baeta”, dirigida por Gabriel Batista Leite. Esses dois regentes eram os avós materno e paterno do músico Avelino Batista Leite.
Essas bandas viviam em constante rivalidade, ensaiavam às escondidas para as apresentações dominicais. Eram valsas e dobrados que encantavam a todos. Tinham poucos conhecimentos musicais e tocavam mais “de ouvido”.
Em 1909, chega á cidade o professor Miguel Eugênio de Campos. Homem simples e muito culto, iria revolucionar toda a história musical da cidade.
Foi em 1916, que o Professor Campos, contando com o apoio de Dr. Argemiro Itajubá, um pernambucano que aqui viveu por muitos anos, atuando como advogado, promotor e Juiz Municipal, fundou a “Sociedade Santa Cecília”. Dr. Itajubá foi presidente dessa entidade destinada a promover o aperfeiçoamento da Banda local e a organização de uma orquestra. Os músicos passaram a ter aulas de teoria musical. A Banda obedecia à regência de Américo Emídio da Silva e a orquestra era regida pelo Professor e Maestro Miguel Eugênio de Campos. Os ensaios da orquestra eram feitos na Casa do Teatro, no local onde hoje está o edifício Greenville. Essa orquestra, que fazia grande sucesso em todo o centro-oeste mineiro, dissolveu-se, porque alguns músicos mudaram da cidade e outros não entendiam que a imposição feita por Dr. Itajubá, em relação aos ensaios, era necessária.
A Banda de Música continuou. Quando foi construído o jardim da Praça da Matriz, a Banda se exibia aos domingos, no aconchegante coreto. A população não deixava de prestigiar essas retretas.
Para manutenção da Banda, a Câmara votou uma subvenção de 720$000 (setecentos e vinte mil contos de réis) anuais ao Professor Miguel Eugênio de Campos, com a condição de admitir, em suas aulas, oito alunos carentes para receberem ensino gratuito. Mas como costuma acontecer na cidade, no início todos acorreram pressurosos e, depois, vinha o desinteresse. A Banda teve momentos de glória e de decadência. Mas o povo a queria nas ruas, nas praças, abrilhantando as festividades, espalhando alegria, contagiando a todos com seu ritmo.
Por motivo de saúde, o Professor Campos mudou-se para Belo Horizonte. A Banda desaparecia... ressurgia... tornava a sumir, mas graças aos esforços de alguns músicos ela continua até hoje. Em 1924, esteve sob a regência de Américo Emídio da Silva que em 1927 a transferiu para o músico Avelino Batista Leite, quando foi transformada em “Lira Municipal, com vinte componentes, quatro dos quais eram pré-adolescentes. Nessa época, ele escreveu seu primeiro dobrado que recebeu o nome “Miguel Campos”, uma homenagem a seu professor de primeiras letras e de música.
Com a morte do vigário Monsenhor Otaviano José de Araújo, o Padrinho vigário, a Banda passou a chamar-se Lira “Monsenhor Otaviano”.
À época de Padre Paulo Michla, nada faltou à Banda, pois ele valorizava o trabalho dos músicos e considerava importante que as festas e comemorações religiosas fossem abrilhantadas pela
corporação musical. Depois de cada apresentação, os músicos recebiam um gorgeta, o que muito os incentivava. À época da administração de Getúlio Batista de Oliveira, foi dado novo impulso à Banda. Procurando o maestro Avelino Batista Leite e o vigário Padre Jaime da Costa e Silva, pediu- lhes ajuda e participação. Em 1978, a Banda a Banda foi reorganizada e o povo contribuiu financeiramente para a compra de instrumentos musicais. Começou nova era de sucesso e O Maestro Avelino ficou à frente da corporação até 2 de julho de 1988, quando se afastou, por motivo de doença, deixando a Banda sob o comando de Dino Martuchelli.
Além de Avelino Batista Leite, a Lira teve como maestros os irmãos, grandes músicos e instrumentistas, Teodosino dias Campos e Santos Dias Campos, assim como Marinho Araújo, todos filhos de Santo Antônio do Monte, além dos que vieram, de outras cidades, para fazer o trabalho de regente: David Ferreira Azevedo Filho, José Afonso da Silva e José Adelson Silva.
Em 2004, através do ex-Secretário adjunto de Cultura do Estado, o conterrâneo José Osvaldo Lasmar, a Banda recebeu nove instrumentos musicais.
A Secretaria Municipal de Cultura teve papel relevante em relação à Banda. Em 2005, ajudou Dino Martuchelli na prestação de contas de verba estadual, recebida anteriomente, montou projeto para aquisição de instrumentos, conseguiu sua aprovação, e a Banda pode comprar mais instrumentos e reparar os antigos. A Secretaria ajudou na prestação de contas dos gastos feitos, assim como reestruturou seu estatuto e o regimento interno, tornado-os atualizados.
A administração do município, também destina uma verba para a manutenção da Lira “Monsenhor Otaviano”, o que também ajuda nas grandes despesas da mesma.
O atual maestro é filho da terra. Igor Silva e também tem dedicado sua vida a essa arte. Agora, Santo Antônio do Monte tem a certeza de que a Banda irá crescer e se fortalecer, participando de nossas atividades e orgulhando toda a cidade.